Que grandes desafios se vão colocar ao PSD nas próximas eleições autárquicas em Cascais?

As próximas eleições autárquicas em Cascais encerram um forte desafio ao PSD para garantir uma solução ganhadora.
O primeiro ponto de interrogação surge com a vitória de Alexandre Sargento na concelhia do Partido socialista.
Tudo aponta para que o candidato do PS venha a ser um peso pesado – Pedro Silva Pereira – nome muito comentado entre os apoiantes de Sargento.
Se vier a confirmar-se esta hipótese, não poderá o PSD, ou a coligação PSD / PP considerar que se tratam de favas contadas!
São conhecidas as minhas dúvidas em relação a uma hipótese Carlos Carreiras como candidato de PSD. Um problema de notoriedade e de estilo são sérios contratempos para a sua eleição em Cascais.
Mas especialmente o estilo poderá deitar tudo a perder.
A  política espectáculo, os grandes eventos com grandes orçamentos e com grandes custos para os cofres do município de Cascais, de um primeiro impacto positivo que teve nos eleitores de Cascais, valorizando o seu ego, afirmando o orgulho de “ser de Cascais”, nos tempos de crise que se vivem, logo irão dar lugar à crítica, da por mim já tão falada, ausência de prioridades para Cascais.
Há alguns aspectos em que a gestão de Capucho deixou um inegável registo de desenvolvimento, nomeadamente nas infra-estruturas culturais, desportivas educativas e sociais.
Também na limpeza urbana e nos espaços verdes foram dados passos significativos para uma melhoria bem visível em Cascais.
A conclusão do programa de realojamento social é um outro aspecto relevante que, tendo sido começado na segunda metade dos anos oitenta viu já no dealbar do século 21 a sua conclusão.
Podemos juntar, como aspecto positivo ainda, a franca exigência e controlo sobre o crescimento urbano. Pese embora operações muito discutíveis como o Estoril-Sol, a futura instalação do Corte Inglês em Carcavelos, ou a renegociação de grandes operações como a Quinta dos Ingleses em Carcavelos, julgo que o balanço é favorável.
Mas há também situações que dão um toque negativo, ou menos conseguido à gestão de Capucho, continuada nesta recta final por Carlos Carreiras.
Primeiro aspecto negativoA quase total ineficiência na resolução dos problemas da mobilidade no Concelho de Cascais.
Uma obra na saída da A5 para lado nenhum (quanto custou o prolongamento da A5 que está vedado à circulação automóvel há anos?) e a total ausência de ideias e acções que visem desbloquear o acesso a Cascais no nó de Birre.
A EN 249-4, a estrada que liga S. Domingos de Rana a Mem Martins, como ligação sul - norte na zona oriental do Concelho, é uma dor de cabeça que já merecia outra atenção e acima de tudo empenho da CMC na sua resolução. O Município de Sintra, o crónico atrasado nestas coisas, já fez a sua parte mas, Cascais… zero!
A ligação longitudinal norte é outra obra de Santa Engrácia que o comum dos mortais não percebe e mesmo aqueles que acompanham e conhecem muitas das vicissitudes da gestão pública autárquica, têm dificuldade em perceber.
Para o anedotário autárquico fica que, por este andar,  em 12 anos de mandato quase se conseguiu construir 1 Km desta Via Longitudinal Norte! Se transformássemos isto num concurso, Judas ganhava claramente, ao construir em 8 anos cerca de 3 Km desta via, entre Alcabideche e Alcoitão!...
A correcção do erro crasso que Judas cometeu ao licenciar com aquele figurino o Cascais Vila, transformando num caos a entrada em Cascais pela Marginal, tarda em sair dos anúncios anunciados e não concretizados.
A criação maciça de estacionamento com baixo custo ou gratuito e a consequente melhoria dos transportes dentro da Vila é outra necessidade que, sem ser cumprida, nunca se irá conseguir salvar ou reanimar o comércio em Cascais.
Segundo aspecto negativoA perda de importância das pessoas enquanto activos do município
Se a primeira prioridade de António Capucho foi investir nas infra-estruturas culturais, desportivas e sociais, facto que não merece qualquer discussão, estes momentos de crise aconselham a que a Câmara de Cascais possa disponibilizar um pouco mais de atenção e ajuda às várias colectividades culturais e desportivas.
Como é sabido também eu sou um dirigente desportivo e sei claramente a que me estou a referir.
O trabalho gratuito e desprovido de qualquer tipo de interesse que não seja servir os seus concidadãos, realizado por dezenas ou centenas de pessoas nas variadas colectividades desportivas e culturais bem como os atletas e participantes das actividades culturais deviam merecer mais carinho e atenção e tal não está a acontecer.
Pior, nos últimos tempos acentua-se uma tendência de “castas” que urge combater e denunciar. Começa a ser por demais evidente que há dirigentes e clubes de primeira,  dirigentes e clubes de segunda e dirigentes e clubes “transparentes”…
Esta crítica, que assumo com toda a frontalidade, não é dirigida ao trabalho realizado pela Vereadora Ana Clara Justino e pelo Vereador João Sande e Castro, autarcas que têm a perfeita noção humanista do trabalho que deles se espera.
Mas o resultado final…
Hoje, os dirigentes de colectividades como eu, têm a ideia que (com excepção de alguns “filhos dilectos” que tudo têm) o trabalho desportivo e cultural realizado pelos munícipes pouco interesse autárquico desperta e nenhum reconhecimento merece. Já os grandes eventos, os que passam na televisão e são primeira página de Jornal têm toda a atenção do município e uma exagerada participação financeira dos dinheiros autárquicos.
Um bocadinho mais de equilíbrio seria desejável. Não sei se será expectável,,,
Terceiro aspecto negativoA ausência de uma estratégia linear e transparente, de um projecto para Cascais, balizado num Plano Director Municipal que urge ser revisto e aprovado.
Cascais e a história do seu Plano director é uma história triste.
Triste pela maneira e o conteúdo aprovado na gestão Judas.
Triste pelos nove infindáveis anos em que a anunciada revisão do PDM não passou disso mesmo – anunciada!
Mais do que a orientação urbanística para este concelho, é a estratégia de desenvolvimento que deveria existir associada ao PDM e não existe. É muito grave. É muito perigoso.
Também a fixação de novas empresas, com a consequente criação de postos de trabalho, tem sido uma tarefa com resultados quase inconsequentes, fruto da inexistência de uma verdadeira estratégia para o concelho. Se é verdade que algum desenvolvimento foi conseguido na componente da hotelaria e turismo, com trabalho realizado pelos autarcas de Cascais, também não é menos verdade que basear o desenvolvimento de Cascais  apenas neste tipo de actividades económicas é escasso,  é redutor e claramente insuficiente.
Cascais precisa de uma inflexão urgente na forma como é administrada.
Secundarizar a conversa, a promessa, o espectáculo, o evento fantástico, o anúncio de iniciativas de que nunca se faz o seu balanço e dar a primazia à obra, mudar e melhorar o dia a dia dos habitantes de Cascais e dos que a visitam e lá trabalham, centrar as atenções do município na pessoa, no indivíduo, pensar no território como um organismo vivo que tem que ser alimentado e bem tratado, ver longe e pensar em Cascais não apenas para as próximas eleições mas para os próximos vinte anos!

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