COMEÇAR DO ZERO
A política
Nacional em geral tem-me deixado algo céptico em relação ao nosso futuro como
País.
Os grandes e bons
políticos foram ao longo dos tempos afastando-se ou sendo afastados pelos seus
pares e hoje, de uma maneira muito transversal a todos os Partidos sem excepção,
há uma mediania confrangedora nos nossos políticos com uma ou outra excepção
que só serve para confirmar a regra.
Se me causa
preocupação e desânimo o que se passa a nível nacional, a nível local considero
que a situação que se vive é não só muito preocupante como pode deixar sequelas
graves na terra onde nasci – Cascais!
O facto de já ter
sido autarca (embora no século passado…) e de ter assumido funções de gestão e
administração em empresas municipais e intermunicipais criou em mim, embora
racionalmente tente convencer-me que não sou o salvador do mundo e que não vale
a pena lutar contra moinhos de vento, um sentimento muito forte que nutro por
este cantinho à beira do mar, entalado entre a Sintra e Oeiras, e de que não consigo
alhear-me, ou simplesmente ficar quieto, perante o que lá se passa.
Cascais, salvo a
imodéstia que esta afirmação possa transparecer, também tem um bocadinho de mim
e sinto, como desígnio pessoal, que tenho que, na exacta medida das minhas
forças e capacidades, lutar por devolver a dignidade que Cascais e as suas
gentes merecem.
Os actuais
protagonistas políticos locais deixam, no campo dos princípios, muito a
desejar.
Nos primórdios
eram os “homens-bons” que eram chamados a desempenhar funções de gestão
autárquica.
Os outros
homens-bons eram muitas vezes chamados a pronunciar-se sobre temas de interesse
local e regional e parecia existir uma gestão democrática ou pelo menos
participada pelos líderes de opinião. O enfoque estava sempre colocado no interesse
da comunidade, o interesse público.
Hoje o sistema é
gerido nos antípodas desta realidade.
Actualmente a
gestão em Cascais é feita não seguindo o primado do interesse da comunidade mas
antes sobre a “ditadura” do marketing político eleitoral com um principal e
destacado objectivo: a eleição do actual Presidente de Câmara num novo mandato
de 4 anos.
Ora o interesse público não pode passar pela
subjugação aos interesses individuais de uma pessoa ou de um grupo!
Os dinheiros que
se estão a gastar de forma desbragada para promover o Dr. Carlos Carreiras fazem
falta para resolver problemas graves na comunidade cascalense. Em tempos de
parcos recursos temos que ser parcimoniosos e contidos nos gastos. Acrescento
eu, seja em tempos de vacas gordas ou de vacas magras, não é aceitável que os
recursos que são de todos não sejam aplicados para benefício de todos!
Esta forma de
gestão em Cascais tem criado coisas manifestamente reprováveis.
A gestão hoje não
espera contributos de ninguém. Os líderes de opinião locais são calados e por
vezes até incomodados quando se atrevem a opinar.
Preparam-se
algumas simulações de democracia, como é o triste exemplo do Orçamento
Participativo, mas em que se garante sempre o controlo das opiniões.
Em muitas
situações, está-se ao nível do que de pior aconteceu nos tempos da ditadura!
Não acredito, nem aceito, que a gestão da minha terra
possa ser feita com base em verdades absolutas, o poder decide e os cidadãos
obedecem, a opinião das pessoas não interesse!
A democracia tem
que ser reinventada.
Os Partidos que
souberem ler estes sinais terão a vantagem de poder continuar a participar no
poder e na gestão da coisa pública.
As pessoas, os
munícipes, fartos de tanto desmando e de más decisões em seu nome, estão a
ficar fartas!
As associações
cívicas vão ser chamadas a ter um papel preponderante na reinvenção da
democracia e da participação dos munícipes nas decisões que são tomadas na
gestão da sua terra.
Pessoalmente
antevejo a criação de uma dinâmica de reavaliação dos processos políticos, a
necessidade de democratizar o pensamento e a definição de soluções para o
desenvolvimento local, quer em termos económicos, quer sociais quer mesmo
ambientais!
O poder vai ter que voltar a ser exercido com as
pessoas e para as pessoas.
Isto acontece, não
porque se afirma anedoticamente até à exaustão que temos uma “câmara elevada às
pessoas” mas porque temos que poder garantir que as pessoas passam a ter voz
nas decisões, os líderes de opinião nas colectividades, nas IPSS, no comércio
local, são chamados a participar no processo de
tomada de decisão e não apenas para ir cantar loas ao Presidente!
O Poder autárquico vai ter que focar de novo os seus
objectivos, voltar a dar a primazia às pessoas e às intervenções a fazer no
território e na organização dos espaços, para dar resposta às suas necessidades
com vista a viver com qualidade em Cascais.
Os autarcas vão
ter que encontrar respostas ao crescimento da qualidade social dos habitantes
de Cascais, saber agilizar os investimentos e os apoios para a educação, a
actividade cultural e desportiva e a criação de apoios aos mais carenciados.
Mas vão ter também que encontrar soluções para revitalizar o crescimento económico
do concelho, criar condições efectivas para o ressurgimento de oportunidades de
emprego e ordenar o território de forma a que essas respostas surjam em condições
adequadas de crescimento sem pôr em causa a sua qualidade ambiental. Também a
mobilidade dentro do território de Cascais e as suas ligações com os concelhos
limítrofes têm que ser revistas e melhoradas sob pena de aí residir um aspecto
claramente atrofiante do desenvolvimento económico pretendido.
Ora este tipo de
intervenções não se fazem por inspiração divina.
Já começamos todos a estar fartos de salvadores!
É preciso envolver
as pessoas, fazê-las sentir parte da solução. Só com uma gestão participada por
todos, em que a todos é permitido o contributo e a opinião se consegue
efectivamente criar uma dinâmica imparável rumo ao sucesso e ao desenvolvimento
harmonioso social, económico e ambiental.
Lamentavelmente, não
sinto condições para que tal venha a acontecer em Cascais com os actuais
protagonistas políticos, nomeadamente do PSD.
Carlos Carreiras e a sua equipa
estão a comportar-se como eucaliptos, nada consegue florescer à sua volta,
excepto os próprios eucaliptos!
Resta aos mais
inconformados encontrar alternativas que permitam corrigir este tipo de
situações.
Pela minha parte
estou disponível para contribuir para mudar algo em Cascais…
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