AINDA OS PROJETOS DA CMC PARA CARCAVELOS E PAREDE…
Há uns dias atrás, numa reunião com o executivo da Junta
da União de Freguesias de Carcavelos Parede, percebi que Junta e Câmara terão entendido
no quase silêncio de opiniões dos presentes, face aos anúncios e explicações do
Presidente de Câmara de Cascais sobre diversos investimentos e projetos
previstos para a União de Freguesias, como uma concordância com os mesmos e uma
total satisfação com as explicações!
Erro total de
apreciação.
O que se passou no auditório da Escola Secundária
Fernando Lopes Graça no passado dia 16 de Dezembro foi uma apresentação de
projetos, alguns até desconhecidos dos presentes, e nessa medida está a CMC e a
Junta de Carcavelos Parede de parabéns, se bem que a sessão tenha sido
provocada pela oposição na Assembleia de Freguesia.
Mas, numa sessão de duas horas e pouco, em que durante
mais de uma hora ouvimos com atenção o que o Presidente de Câmara nos queria
apresentar, desde o Plano de Pormenor de Carcavelos Sul, A universidade da
Nova, as Batarias de Parede e de S. Gonçalo, a reformulação da Praça Azevedo
Gomes, o Pólo de Ciências Médicas da Católica, o Plano do Corte Inglês, o
Centro de Saúde de Carcavelos, o Mercado de Carcavelos, o Mercado de Parede, o
Edifício do Narciso, fácil será perceber
que, para conhecer com profundidade cada um destes projetos não chegava o tempo
despendido com a apresentação de todos!
Portanto assistimos a uma apresentação, em que alguns dos
projetos não passam de intenções ainda mal definidas, quer quanto ao projeto em
si quer quanto ao seu financiamento, e que não permite que se tenha uma opinião
fundamentada a favor ou contra.
No entanto, há uma ideia que ressalta com clareza do
discurso do Presidente Carreiras, e que é o modelo cansado e falido do
desenvolvimento associado ao investimento urbanístico, sem uma análise da
totalidade do território e dos efeitos que estes novos investimentos terão
sobre a comunidade já residente nas Freguesias de Parede e Carcavelos.
Há uma clara necessidade
de olhar para o planeamento urbano numa escala maior, perceber que mexer em
parte do território tem clara influência no todo.
Já muito se disse sobre este Plano de Pormenor Sul de
Carcavelos e a sua compatibilização com o investimento da Universidade Nova
junto à Marginal, que do meu ponto de vista é um criminoso erro de planeamento
que vai afogar definitivamente Carcavelos.
Para mim, a aprovação do Plano Sul de Carcavelos deveria
estar fora de questão e o investimento da Universidade naquele local, com aquele
empreendimento aprovado, deveria ser abandonado!
A ideia de que a Urbanização Sul de Carcavelos vai criar
uma nova centralidade para Carcavelos é tão absurda e tão desprovida de
fundamento técnico objectivo que fico espantado como é possível que haja quem apareça
a defender esta tese!
E o que dizer do Plano do Corte Inglês, por baixo do
Arneiro?
Mais um Hipermercado naquela zona? Estará Carlos
Carreiras a querer tirar o título às Caldas da Rainha como o município com mais
hipermercados por m2/?
Como se pode falar em dinamizar a economia quando se
promove a miséria do tecido comercial já existente?
Os residentes daquela zona vão poder ir a pé ao
Intermarché, ao Leclerc e ao Corte Inglês?...
Só podemos entender esta
tese na linha da ideia liberal da auto-regulação do mercado, e o resultado
disto está bem à vista de todos!...
Isto pode ser chamado de tudo menos planeamento!
Quando olhamos para a imagem satélite da união de
Freguesias de Carcavelos Parede percebemos que Carlos Carreiras pretende
ficar para a história como o Presidente de Câmara que conseguiu preencher todos
os espaços vazios do território desta união de Freguesias!
Se Parede já era um caso exagerado de ocupação de solos
com construção, Carcavelos vai receber agora o golpe final.
E não aprendemos nada com a História.
Parede é hoje uma terra onde a gestão urbana se tornou
impossível.
Já experimentaram tentar encontrar estacionamento na Vila
da Parede? Missão impossível seja a que hora do dia ou da noite se tente.
Dizem os responsáveis autárquicos que o estacionamento
está tarifado, o que permite grande rotação do mesmo. Mas pergunto eu, de que
nos interessa a rotação se o estacionamento disponível deverá estar bem abaixo
dos 50% do que é necessário?
Mesmo a remodelação da Praça Azevedo Gomes, parece ser
manifestamente insuficiente.
A total ausência de
planeamento urbano decente em Parede leva a que a Câmara, mais cedo ou mais
tarde, vai ter que adquirir imóveis para os transformar em estacionamento. Os livros, os técnicos e o bom senso
demonstram com clareza qual o rácio de lugares de estacionamento por fogo. Pois
que se promova a adequação do território de Parede a esta necessidade, mesmo
que isso custe menos uma Festa…
Mas desta infindável lista de projectos ressalta aquilo
de que muitos vêm dizendo acerca da actual gestão municipal: vive-se e fala-se muito
de ideias e projectos mas muito pouco de obras!
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