INCONGRUÊNCIAS DA GESTÃO AUTÁRQUICA DE CASCAIS
Um amigo ontem comentava comigo que o Presidente da
Câmara de Cascais devia ter uma boa equipa de assessores, pagos a peso de ouro
provavelmente, mas que estavam a transformar a imagem de Cascais com uma sucessão
de iniciativas que davam notoriedade a Cascais. Esta afirmação tomava como
último exemplo a roda gigante, a pista de gelo, as barraquinhas instaladas
junto aos Paços do Concelho e no Jardim Visconde da Luz agora neste período
natalício.
Importa ainda referir que este meu amigo reside em
Sintra, mas tem por hábito vir a Cascais todos os fins de semana.
Eu concordei com ele, é verdade que Cascais tem
fervilhado de atividade.
Mas fiquei também com uma vontade enorme de escrever este
desabafo.
Em que medida é que este efetivo e constatável incremento
de atividades e eventos em Cascais é suficiente para confirmar que este
executivo municipal está a cumprir as expectativas dos eleitores, dos munícipes
de Cascais?
Eu entendo que não.
A gestão da autarquia de Cascais está cheia de
incompreensíveis incongruências, de medidas e decisões que tresandam a
oportunismo e pouco têm de efetivas estratégias delineadas a pensar no futuro
de Cascais e dos seus habitantes.
Querem exemplos? Conheço muitos mas vou tentar ilustrar o
meu ponto de vista recorrendo a dois ou três.
Começo por ressaltar uma medida tomada no Natal que me
parece completamente desprovida de lógica.
A CMC anunciou com pompa e circunstância que o
estacionamento em Cascais durante o mês de Dezembro seria gratuito.
Depreende-se que tal medida pretenda incrementar o número de visitantes em
Cascais, aumentando também a capacidade de negócio do comércio de cascais.
Apetece perguntar:
Se a questão do estacionamento pago pode ser encarado
como dissuasor da melhoria do comércio em Cascais porque se insiste no resto do
ano em manter este “negócio” municipal do estacionamento pago?
Só é lícito aos comerciantes de Cascais terem algum
negócio no mês de Dezembro?
A forma como Carlos Carreiras e o seu executivo gere a
mobilidade e o estacionamento na Vila de Cascais e em cada vez mais localidades
do concelho não é uma enorme incongruência?
Há uma profunda falta de visão nesta matéria para os
lados de Cascais.
Ainda sobre a mobilidade, não se percebe a falta de
iniciativa em resolver alguns dos buracos negros do trânsito no município de
Cascais.
A entrada em Cascais quer seja pelo lado de Birre, pela
Marginal ou pelo Pai do Vento continua caótica.
Em S. Domingos de Rana resolveu-se, e bem, o problema da
rotunda do Cemitério de S. Domingos de Rana mas tudo o resto na estrada S. Domingos
de Rana – Abóboda – Trajouce - Mem Martins continua por resolver, na parte do
território pertencente a Cascais! E quer em S. Domingos de Rana na rotunda da
Igreja, na travessia de Abóboda ou de Trajouce bastaria utilizar apenas o mesmo
modelo que foi utilizado na rotunda do cemitério de S. Domingos de Rana!
Mas não.
Até se poderia especular que não é problema para Carlos
Carreiras e o seu executivo porque não é em Cascais mas nem este argumento
pega, quando olhamos para as completamente congestionadas entradas na Vila de Cascais!
E estas filas intermináveis de carros em alguns eixos
viários do concelho levam-nos a mais dois raciocínios:
Porque continua teimosamente a não sair de projecto a
conclusão das longitudinais norte e sul de Cascais e a construção da variante
da estrada de S. Domingos de Rana – Trajouce – Mem Martins?
No meio de tantos milhões para festas e festarolas,
autódromos, hospitais de Parede e Escola da Universidade Nova, esta falta de
investimento na rede viária só pode significar uma coisa – falta de interesse
da equipa de Carlos Carreiras em resolver estes assuntos. Para Carreiras não é
prioridade!
Mas também em termos ambientais a inação de Carreiras é
um sinal preocupante.
Projetar a sustentabilidade ambiental do concelho de
Cascais não se faz sem resolver a mobilidade e os estrangulamentos do tráfego
automóvel, sem garantir uma política verdadeira de poupança energética ou sem definir
um claro modelo de gestão de resíduos ou mesmo sem um modelo transparente da
gestão do território com o instrumento PDM!
Nestes temas, como em tudo o que é a sua ação na
gestão do município, assenta na superficialidade, no faz de conta.
Para Carreiras, com um dia a apanhar lixo das arribas ou
do fundo do mar, está garantida a acção da câmara no ambiente. É tão pobrezinho…
E teme-se o pior nesta gestão quando se analisa a gestão
financeira que tem sido levada a cabo.
O aumento significativo dos compromissos com empréstimos
bancários para comprar terrenos e imóveis para os quais nem se conhecem ainda
fins estratégicos bem delineados leva-nos a temer o pior para os próximos mandatos
autárquicos em Cascais: Isto vai estourar!
Carlos Carreiras gere
Cascais como se fosse o grande Filipe La Féria da política: duas horas de
glamour, de beleza, de luxo e qualidade mas no fim ficam só os “confettis” para apanhar do chão…
Em 2017 será que vamos maioritariamente querer menos espectáculo
e mais ação concreta e duradoura? Ou pode ficar assim porque chega?
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